terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Frisado parisiense

Introdução
Como referi na introdução ao Frisado do Norte, noto que nos canários frisados pesados o meu preferido é sem dúvida o Parisiense. Vários motivos me levaram a escolher este canário, um deles foi a sua história cheia de guerras, percas e triunfos que o levaram a uma forma distinta até hoje.

Os factores decisivos que me fizeram adoptar o Parisiense foram, o desafio de os criar, sabendo que era uma raça difícil e de desenvolver ou aproximar-me do seu standard. Mas realmente, para além do seu temperamento dócil, um bocado desajeitado e frágil, sem dúvida a sua beleza de frisados muito bem delineados, as formas típicas do encaracolado simétrico fazem com que seja um rei com um vasto reino a governar.

Mas não só com palavras se pode falar do Frisado Parisiense, ao observá-lo é como um livro aberto a um standard que deve ser estudada com afinco. É a eles que gostava de passar o gosto pelos canários frisados em particular os Parisienses.

Com o auxílio do Sr. POLAKOWSKI Jean-Marc pela bibliografia que me facultou utilizar, e os esclarecimentos de que lhe solicitei, assim como a colaboração do Juiz internacional Nery de Azevedo com fotos e algumas ideias. Deixo-vos o endereço Web de um grupo dedicado aos canários que é, a nível internacional, de extrema utilidade para o conhecimento mais aprofundado dos canários. Com fotos e informações de todo o interesse para quem gosta de canários: http://groups.yahoo.com/group/FriseParisien

FRISADO PARISIENSE HISTÓRIA


O canário comum foi descoberto nas ilhas Canárias pelo navegador Jean de Bettencourt, navegador Normando e de Chambellan de Charles VI. Tudo se passou no início do século VI, 1400.

O canário comum não existe somente nas ilhas Canárias e Madeira, como também e em grande quantidade nos Açores. Em São Miguel são de tal maneira numerosos que são um petisco para aqueles que não os gostam de ver voar e cantar.

Mais tarde um navegador Holandês, ao visitar as ilhas, capturou um grande número de canários. Levou-os para a Holanda onde se multiplicaram facilmente. Com o preciosismo de apurar a raça, que se dava para isso, apresentando pequenas mutações que eram seleccionadas. Deste modo conseguiram espécimes que lhes agradavam denominando-os por Canários Holandeses.

Os Belgas, grandes ornitófilos, obtiveram alguns espécimes a que se dedicaram com afinco. Ao conseguirem a sua pretensão denominaram-na de Bossu Belga.

Perto de 1840 a Duquesa de Berry, amante da canaricultura, depois de ter importado um exemplar de canário Holandês em França, foi tal o seu fascínio que pretendeu ver os grandes centros de criação na Bélgica, do já famoso canário Holandês. Os Amadores Franceses não ficaram indiferentes a esta introdução. Ficaram completamente rendidos na exposição de Lille e compraram alguns exemplares com fito na sua criação. Torná-los mais belos, maiores, com o corpo afunilado e plumagem mais aberta. Foram dados os primeiros passos.

Foi em 1887 que no primeiro concurso em Paris de canários frisados que se fundou a primeira Associação Ornitófila “ La National”.


Foto gentilmente cedida por: POLAKOWSKI Jean-Marc veja: http://groups.yahoo.com/group/FriseParisien

Estes iniciantes de plumas frisadas eram muito diferentes das raças actuais existindo uma enorme distancia entre uns e outros. A expressão “Holandês”, para designar este canário frisado, é muito genérica abarcando três tipos de canários frisados:

O Holandês Parisiense, o Holandês do Norte ou Lillois, ou Roubaisien, muito parecido com o Frisado do Norte actual. Belo elegante, mais pequeno, resultado de um cruzamento entre um canário vulgar e um Parisiense. E por fim o Holandês Belga. Designado, pouco depois, por Bossu Belga. Aquele canário com a forma dorsal curva detestada pelos franceses e que na época era vendido por somas astronómicas.

Em tempos longínquos os comerciantes de pássaros, os passarinheiros de então, vendiam parisienses cruzados de Frisados do Norte por grandes quantias. Desvalorizavam as duas raças começando a haver confusões e perca de standard. No entanto grandes criadores seleccionavam o Parisiense à margem do mercado. Eles estudavam a raça e as suas transformações, trocavam entre eles bons exemplares sempre no intuito de melhorar. E foi o que sucedeu.

Hoje em dia há várias formas e nuances de Parisienses. É necessário continuar a seleccionar as aves mantendo as suas características originais. Depois de algumas transformações e mutações tendo como base o Parisiense existem outras raças semelhantes, como o AGI (Frisado Gigante Italiano), o Paduano, o Melado Tenerifenho, etc. Todas são válidas pela C.O.M (Confederation Ornitologique Mondiale). É necessário que o criador se mantenha fiel a cada raça melhorando, não por introdução de outra raça, mas pela própria evolução dessa mesma raça.

FRISADO PARISIENSE STANDARD


O Frisado Parisiense distingue-se, dentro dos canários frisados, pela sua robustez, adaptação e também pelo seu canto. Os seus dotes reprodutivos são ligeiramente inferiores aos das raças robustas, no entanto podem criar por eles mesmos sendo dispensáveis as amas.

Distinguem-se igualmente pela sua força, a sua plumagem e a sua elegância:

O comprimento do corpo e da sua plumagem e os contornos maciços dão-lhe um aspecto possante e harmonioso. Lateralmente surgem as aletas, ou “nageoires”, ou barbatanas, que se erguem abaixo do jabot e paralelamente sobem até ao dorso formando um tubo largo em conjunto com o manto e o dito jabot. Quanto mais acentuadas estas aletas, tanto mais valiosa é a ave, quanto maior for o tubo melhor é a sua constituição como Parisiense.

As suas dimensões estão incluídas entre os maiores canários do mundo. Deseja-se desde a extremidade do bico até ao fim das penas da cauda um comprimento de 20 a 22 cm. Este tamanho não pode ser linear na medição matemática, deverá ter em conta a sua dimensão em trabalho no julgamento. Não se querem dimensões desproporcionadas deve haver harmonia entre a cauda e o resto do corpo assim como as asas.

No início da cauda querem-se plumas caindo afuniladas ladeando as rectrizes da dita cauda. São chamadas plumas de galo devido ao seu aspecto semelhante às penas caídas dos galos.

Na cabeça as penas devem surgir de um ponto caindo como uma calota não demasiado carregada, fina com um aspecto original. Existem variados tipos de cabeças como as de tipo elmo onde as penas do collier ou gola se juntam na nuca elevando-se e caindo para diante, como um capacete. A casquete da cabeça, ou boné, pode não ser centrado num ponto, embora com menos valor, poderão possuir “riscas” de onde sobressaem as penas que caiem lateralmente ou mesmo de fronte.

É muito difícil um exemplar reunir tantas qualidades mas, mesmo não as tendo, poderá ser a chave para o início de um bom plantel. Os casais que criam os seus filhos devem ser privilegiados, tentando formar casais que também reúnam estas qualidades. É bom que, mesmo que as aves não criem os próprios filhos, possam criar os das amas. Assim permite-se transmitir o instinto maternal e paternal. Se existir esse sentir podemos partir para uma nova postura com o garante de bom desempenho dos pais. A criação de Frisados Parisienses como noutras raças, e espécies de aves, deve-se sempre tentar bons exemplares que sejam auto-suficientes tornando-se mais libertos de falhas de autonomia na raça, (factor importante).

O Parisiense é uma ave sólida, de boa saúde, e um cantor como qualquer canário comum.

Na plumagem podemos encontrar três tipos de plumagem:

  • A plumagem fina (muito procurada)
  • A plumagem comum ou semi-fina)
  • A plumagem forte

Estas três nuances podem ser também igualmente onduladas. Devem servir ao criador como referencia para os acasalamentos. De preferência um exemplar de plumagem fina, ou semi-fina com outro de plumagem forte. Os Parisienses igualmente deverão ser acasalados nevado com intenso, nos brancos ou de fundo branco deverão ser acasalados com exemplares nevados. Podem-se equilibrar os frisados jogando com todos estes factores. É moroso conseguir-se um bom plantel. De início devem-se comprar exemplares razoáveis para se perceber a ave, compreender toda esta teoria e concretizar aos poucos a reunião de um plantel de Parisienses de alto nível.

São distintas na eflorescência da plumagem, três outros itens:

  • O Manteau, (Manto) não deve cair de um ponto, como o AGI (Arrizato Gigante Italiano), mas de uma linha longitudinal que deixa cair todo o seu frisado simetricamente para baixo.
  • O Jabot (Penas do peito). Este deve ser formado como um colete que sobressai do corpo da ave, ou seja, as penas devem ser viradas para dentro e fechadas como uma concha, é muito importante serem simétricas e equilibradas.
  • As Nageoires (Aletas) Elas vêm desde a raiz inferior do Jabot elevando-se simetricamente até ao manto podendo-se sobressair um pouco mais.

Estes três factores, quando perfeitos, tornam o Parisiense muito belo e elegante, majestoso talvez, dando um aspecto de um tubo uniforme completado com o resto dos itens: Gola, Casquete, Plumas de galo, Culotte e Asas.

As asas devem proporcionar o voo. Dizem que o Parisiense voa mal… Quando tem cerca de 45 dias e já fizeram um ensaio na gaiola creche passam para a sala de voo e voam tão bem como os outros canários. Fortalecem-se conseguindo maior crescimento e músculos mais fortes e sadios com uma plumagem excelente. Também a ave torna-se mais robusta e feliz quando proporcionado tal exercício. As asas devem ter bem nítidas as rémiges que se mostram alinhadas não se sobrepondo.

As Culotte. Em Português, culotes. Não são mais que o crescimento de plumagem um pouco antes da canela e até aos tarsos. É um item muito apreciado em concursos acrescentando valor ao julgamento da ave

As plumas de galo, como atrás mencionei, caem largas desde o sopé da cauda até diminuírem de tamanho acompanhando a cauda até desaparecerem.

A Casquete ou elmo. ou poupa, partindo de um centro são muito apreciadas. Embora o Frisado Parisiense anatomicamente tenha um crânio pequeno é muito importante que a plumagem a cubra abundantemente. Quanto melhor é o aparente tamanho da cabeça, mais valiosa a sua classificação.

A gola é constituída por plumas que acompanham o pescoço longo deste frisado juntando-se à cabeça. Devem ser pronunciadamente dirigidas para cima folgadas como numa camisola de gola alta.

Desta forma se apresenta o Standard do Frisado Parisiense, cheio de pormenor e curiosidade para o canaricultor. Uma aventura deveras aliciante para quem gosta de desafios. O Parisiense é sem dúvida um marco na história da canaricultura, aliciando qualquer criador.

FRISADO PARISIENSE FOTOS

Um comentário:

  1. Gostaria de comprar um canário parisiense. Envio para Recife-PE.
    Qual o valor?

    ResponderExcluir