terça-feira, 4 de janeiro de 2011

EVITANDO OS ANTIBIÓTICOS

Revista UOVP Junho 2001

Arquivo editado em 29/07/2001

O uso indiscriminado de antibióticos na cria de pássaros e principalmente na época de cria é algo quase que alarmante. Muitos criadores os utilizam de forma sistemática e rotineira, com o objectivo de “bloquear” a entrada de germes patogénicos que possam causar baixas principalmente nos filhotes. Outros, quando aparece alguma mortandade, recorrem imediatamente a um antibiótico para tentar erradicar o mal. Recorre-se, portanto ao último recurso, sem o auxílio de algum profissional da área sem antes ter se tentado exaustivamente outros métodos preventivos de significativa importância. A intenção é das melhores. Evitar a mortandade, proteger a saúde dos plantéis e desta forma aumentar a produção. A grande pergunta quando chegamos a este ponto, é: será que quando lançamos mão do último recurso (o uso de antibióticos) já fizemos efectivamente tudo que estava ao nosso alcance para evitar que a doença se instalasse? Será que o simples fornecimento de antibióticos via oral poderá definitivamente “varrer” o germe instalado? Desejo antes de mais nada, esclarecer que estas reflexões não tem o menor intuito de invadir o campo veterinário, mas simplesmente analisar do ponto de vista do nosso manejo qual seria o melhor caminho para que nós criadores pudéssemos atingir um nível mais elevado de sanidade e produtividade.
A nossa proposta consiste em utilizar todos os meios possíveis ao nosso alcance para prevenir a entrada de germes patogénicos na criações deixar o uso de antibióticos como sendo o último recurso a ser utilizado e dentro do possível, coma ajuda de um médico veterinário especializado que possa nos orientar sobre a forma e o princípio activo mais adequado para cada situação.
As infestações podem vir por bactérias, fungos, vírus, ou parasitas. Todas elas se transmitem das mais diversas formas e cabe a nós bloquearmos a entrada destes seres aos nossos planteis.

Medidas preventivas existem inúmeros aliados na prevenção de doenças infecto-contagiosas para tentarmos prevenir “surpresas desagradáveis”. Alguns extremamente simples, outros de alta tecnologia.

Vejamos algumas delas que consideramos interessantes:

Renovação de ar. O simples fato de renovarmos o ar do nosso Canaril, será de por si só, um grande aliado. Onde existe uma super população de indivíduos, também existirá uma superpopulação de microorganismos por eles geradas. Se deixarmos o ar confinado, esses microorganismos aumentarão a sua concentração de forma perigosa e preocupante. A renovação de ar é uma forma simples de “varrermos” o ar contaminado do interior das instalações permitindo a entrada de ar puro isento de microorganismos indesejados.

Entrada do sol. O sol é um germicida eficaz e reconhecido, além de ser fundamental fonte de energia, favorecimento da absorção da vitamina D, etc. Higiene. De fundamental importância, este tema é extremamente complexo e de larga abrangeria. A eliminação dos germes de forma directa, eliminando sujeiras, materiais orgânicos, etc. Esta prática pode ser feita com inúmeros produtos desinfestantes existentes na praça, mas deve se tomar extremo cuidado no sentido de que muitos deles apresentam toxicidade para as aves. Existe um produto novo e verdadeiramente revolucionário de fabricação inglesa chamado Virkon que elimina vírus, bactérias, fungos e esporas, permite a fumigação directa nos animais, filhotes, ovos, etc., que ajuda sensivelmente neste sentido.

Vestiário: O nosso vestiário, mãos, cabelos, etc, são verdadeiros portadores de microorganismos. Resulta para nós criadores, muito difícil a realização de uma assepsia completa antes de entrar no Canaril. De todas formas resulta fundamental a utilização de pediluvio para desinfecção de sola de sapatos, e a desinfecção das mãos antes da entrada no criatório.

Vacinação: Existe uma doença especificamente transmitida por vírus (canaril pox) chamada popularmente de bouba que pode ser prevenida vacinando todos os animais anualmente. Considerando que é contra-indicada a sua aplicação em filhotes com menos de 60 dias, geralmente é aplicada quando os últimos filhotes chegam a essa idade.

Quarentena: Quando ingressamos reprodutores trazidos de fora, além de novas características genéticas, podemos estar trazendo novos germes que possam afectar nossos planteis, de forma que resulta recomendável uma fumigação, e coloca-los numa instalação separada que nos permita observar seu estado de saúde por aproximadamente 30 dias e tomar as devidas medidas caso verifiquemos alguma anormalidade na saúde deles. Esta quarentena também pode ser utilizada para isolar exemplares do nosso plantel com problemas de saúde. Estas são apenas algumas das medidas que poderão evitar dores de cabeça, despesas desnecessárias, uso incorreto de medicamentos, e finalmente, a morte dos nossos pássaros, que tanto nos desanima.

O uso de antibióticos, antimicóticos, etc,. nunca está descartado, mas sempre sendo o último recurso e com o acompanhamento de pessoas profissionalmente capacitadas para indicar o produto certo, dosagem, etc., Boa Sorte!!!

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